Onças do Yucumã / Yaguarete del Moconá - Conservação da onça-pintada (Panthera onça) e outros grandes mamíferos ameaçados na região meridional do Corredor Trinacional
A onça-pintada, o maior felino do continente americano e maior predador terrestre do Brasil, corre enorme risco de desaparecer do bioma Mata Atlântica. A espécie está ameaçada em nível global e está em declínio populacional (IUCN, 2019). São animais territorialistas e solitários, capazes de se dispersar de forma eficiente por grandes áreas e atravessar até mesmo grandes rios, como o Rio Uruguai.
A situação da população da onça-pintada no Corredor Verde, que interconecta o Parque Nacional Iguaçu com o Parque Estadual do Turvo, passando na Argentina pelas florestas missioneiras da Reserva da Biosfera de Yabotí, o Parque Nacional Iguazu e o Parque Provincial Moconá, possui contextos e situação distintos. Enquanto informações recentes apontam para uma recuperação e aumento do número de indivíduos na Região do Iguaçu, na Região do Salto do Yucumã há insuficiência de informações e um indicativo de decréscimo devido ao forte impacto da caça furtiva e fragmentação do seu habitat florestal.
Essa população de onças-pintadas ocupa a Ecorregião Florestas do Alto Paraná, desenhada pelo WWF na forma de um Corredor Trinacional, e o Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná, que vem desde o Pontal do Paranapanema em São Paulo até a região do Parque do Turvo e Reservas Indígenas Guarita e Nonoai, que são parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. O Instituto Curicaca é parceiro dessas duas iniciativas. É na porção meridional desse territórios que estamos implantando esse projeto.
Por meio da articulação de uma grande parceria, desenvolvemos o Programa de Monitoramento e Análise de Ameaças à Onça-pintada e outros grande mamíferos ameaçados da porção meridional do Corredor Trinacional (PMAA Onça+). Esse instrumento passou a ser a base de orientação do projeto. Num prazo de 5 anos, a cooperação estará fortalecendo o monitoramento da onça e suas presas e das ameaças que colocam em risco esse grupo. Promoverá capacidades para os agentes de fiscalização ambiental no controle da caça e do desmatamento. Dará apoio ao ecoturismo nas Unidades de Conservação, articulados com o desenvolvimento regional dessa atividade. Promoverá uma maior articulação entre instituições e projetos brasileiros e argentinos voltados para a conservação da onça-pintada e a promoção de economias sustentáveis associadas ao reconhecimento da importância da espécie.
O Parque Estadual do Turvo, no Brasil, e o Parque Provincial Moconá, na Argentina, têm um papel central na iniciativa. O histórico de registros de onças-pintadas na região acumula seis indivíduos. Três deles também foram registrados no PP Moconá, reforçando que a onça-pintada atravessa o rio Uruguai. Uma pesquisa realizada pelo BiMaLab/UFRGS entre março e julho de 2018 registrou três indivíduos machos usando simultaneamente a área do parque. Por outro lado, em 2019 tivemos relatos da caça de um indivíduo em outubro de 2018, no lado argentino e nas proximidades do parque provincial, e outro em maio de 2019, dentro do PE do Turvo. Em um curto espaço de tempo a subpopulação teria sofrido uma redução significativa e inaceitável, reforçando a urgência do somatório de esforços para a sua conservação, com as mais diversas formas de abordagem, que estão sendo promovidas por essa projeto.
Situação - em andamento
Parceiros - WWF Brasil, Instituto de Biociências da UFRGS, Sema/RS, Cenap/ICMBio, FVS Argentina, Ministerio Ecologia Misiones
Financiadores - WWF Brasil
Equipe Técnica - Instituto Curicaca: Alexandre Krob (Coordenador técnico), Letícia Bolzan, Elisandro Santos - UFRGS: Andreas Kindel, Flavia Tirelli, Denis Sana, Igor Pfiffer - Sema/RS: Jan Mahler Jr., Caroline Gomes - Cenap/ICMBio: Ronaldo Morato - FVS Argentina: Daniela Rode, Karina Schiaffino.