No dia 10 de fevereiro, o Curicaca reuniu-se com representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsáveis pela administração do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no litoral sul do Rio Grande do Sul, para discutir a reestruturação do Conselho Gestor da Unidade de Conservação (UC). Até o final do ano, pretende-se capacitar os conselheiros e realizar atividades de integração da comunidade com a UC, a fim de viabilizar o funcionamento efetivo do Parque e a obtenção de seus respectivos benefícios.
Há aproximadamente três anos o Conselho Gestor passa por dificuldades. O Parque foi criado em 1986, contudo ainda enfrenta diversos conflitos, principalmente aqueles que envolvem as atividades produtivas em seu entorno, como o uso de agrotóxicos em plantações de arroz, uso inadequado da água, irregularidades na pesca e descontrole na silvicultura. “Os problemas atualmente não estão sendo tratados dentro do Conselho, local que é o mais adequado para a construção de acordos”, aponta Alexandre Krob, coordenador técnico do Curicaca.
O Curicaca a pedido do ICMBio vai elaborar uma assessoria estratégica durante a reformulação do Conselho. A ONG traz consigo o conhecimento do histórico e experiências realizadas na região e de exemplos positivos da relação entre UC´s e comunidade, além de ter amplo foco de ação e atuação em articulação com as redes de proteção da Mata Atlântica. “Está num ponto de observação ideal para assessoria”, afirmou o gestor da UC, Luís Eduardo Torma Burgueño.
A assessoria incluiria ajudar no diagnóstico da realidade local, em ações de capacitação para os membros do conselho e na realização de oficinas de integração com a comunidade, definindo temas base para o entendimento, como os conceitos de UC, corredores ecológicos e ecoturismo, por exemplo. Serão planejadas oficinas, palestras e fóruns abertos à comunidade e encontros restritos para capacitação dos gestores, momentos distintos que devem culminar com a reestruturação do Conselho.
A próxima reunião entre Curicaca e ICMBio já está agendada para o mês de março e deve dar maiores subsídios para parceria. “Há muito tempo buscamos ajudar na solução de diversos problemas relacionados ao Parque, agora temos mais uma chance de mobilizar a comunidade e ajudar a transformar o Parque numa referência de gestão”, avalia Krob.
Gestão colaborativa
O ICMbio está buscando articular o diálogo entre os setores do governo e da sociedade civil que possam contribui para que a conservação se torne uma bandeira local. “Nosso objetivo é apresentar um horizonte onde o uso de técnicas ambientalmente corretas, como o plantio de arroz orgânico, sejam atrativas financeiramente”, afirmou Luís Eduardo Torma Burgueño, gestor da Unidade.
Além de fomentar e definir a produção orgânica como meta, outro objetivo dos gestores é valorizar as iniciativas locais dos pequenos produtores, pescadores artesanais e quilombolas, assim como atividades de ecoturismo que possam dar visibilidade à importância socioeconômica e ambiental do Parque. Por meio de reuniões, onde estejam envolvidos representantes das prefeituras dos Municípios de Tavares, Mostardas e arredores, assim como das secretarias de turismo e educação, associações regionais de produtores rurais, ONGs e comunidade, o ICMBio pretende construir uma gestão colaborativa. Queremos que todos os setores tenham representatividade e legitimidade garantiu Burgueño.
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