Quem acompanha o Instituto Curicaca já percebeu que estamos dando bastante atenção à caça de animais silvestres como um dos principais impactos para um conjunto de mamíferos e aves ameaçados de extinção e que é parte dos nossos esforços de conservação. Onça-pintada, anta, puma, queixada, cateto e alguns cervídeos de médio porte passaram a fazer parte desse grupo desde que iniciamos em 2018 uma parceria com a WWF visando a conservação do jaguar e suas presas na porção meridional do Corredor Trinacional. Isso inclui Paraquai, Argentina e Brasil, onde o Parque Estadual do Turvo é uma área núcleo, e por isso usamos também o termo jaguar, já que a cooperação inclui a região transfronteiriça e os idiomas português e espanhol.
Num diagnóstico da situação na região do Parque e, inclusive dentro dele, entendemos, primeiramente, que a gravidade da caça era maior do que o esperado. Em seguida, juntamente com a equipe de guardas-parques e pesquisadores parceiros, vimos a necessidade de fortalecer os meios para tornar mais eficaz o seu controle. Dentre um conjunto de ações planejadas para isso veio um curso de atualização em fiscalização e combate à caça de animais silvestres, o fortalecimento da cooperação entre instituições de fiscalização e o planejamento para a atuação integrada. Finalmente, em meio à pandemia e com a adaptação para o modo Ensino a Distância (EaD), iniciamos as atividades no dia 21 de maio. Ele soma-se a outras ações educativas e de promoção do ecoturismo enquanto economia local sustentável.
O conteúdo programático foi montado a partir de um diagnóstico junto aos guarda-parques e aos patrulheiros ambientais que atuam na região, sob o abrigo da experiência de formação nessa área aportada pelo Ten. Cor. Rodrigo Gonçalves dos Santos, que acumula uma longa caminhada no Comando Ambiental da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e é um dos nossos colaboradores. As aulas, direcionadas de forma aplicada ao controle da caça, incluem biologia e interações ecológicas de espécies sinergéticas, planejamento da conservação, legislações e procedimentos jurídico-administrativos, gestão ambiental complementar de órgãos públicos em fronteira, uso de inteligência e investigação, operações terrestres e embarcadas, salvaguarda da comunidade local, desenvolvimento pessoal e coletivo, novas tecnologias de apoio e o planejamento colaborativo. Para alcançar o conteúdo, foram convidados especialistas da UFRGS, ICMBio, Ministério Público, Polícia Rodoviária Federal, Brigada Militar, Sema-RS, Delegacia Especializada Ambiental, WWF e equipe do Instituto Curicaca.
Os dois primeiros encontros, de uma série de dez, já foram muito ricos e demonstram ser a qualificação muito promissora. Os participantes são da Sema/RS (Parques Estaduais do Turvo, do Espigão Alto, do Papagaio-charão e da Divisão de Fiscalização e Controle) do ICMBio - Parque Nacional de Iguaçu, de Delegacias da Polícia Civil da região e da Polícia Militar Ambiental de Três Passos, além da nossa equipe, que aprende muito nessa troca. A iniciativa busca dar sentido a cada fala sobre o contexto vinda dos participantes, promovendo desdobramentos prático, sua inclusão no planejamento e a troca de experiências que aponte soluções aos principais desafios. No levantamento de motivações a partir do grupo compreendemos, em conjunto, que “Nossa intenção é buscar atender todas as expectativas, em diferentes dimensões possíveis nesse curso visando adquirir CONHECIMENTOS e experiências que nos permitam melhorar nossa capacidade de PROTEGER A FAUNA silvestre (onça-pintada e suas presas) de caçadores, um dos pilares da conservação, e para alcançarmos isto vamos fortalecer a COOPERAÇÃO entre as instituições e a INTEGRAÇÃO DO GRUPO de participantes.”
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