Mostrar a importância e o valor dos materiais que utilizamos diariamente foi a ideia que guiou a realização da oficina de reciclagem de papel, no dia 18, na Escola Nossa Senhora de Fátima, em Viamão. Pais, alunos, funcionários e professores participaram da atividade, que integrou desenvolvimento criativo e conscientização ambiental.
A partir de dúvidas trazidas pelos alunos, foi explicada a relevância do impacto ambiental causado pelo cultivo de pinus e eucaliptos e pela fabricação do papel branco que faz parte de inúmeras atividades do nosso cotidiano. Os participantes puderam saber mais sobre os tipos de papeis existentes, quais podem ser reciclados e entender a importância desse processo.
Depois das conversas, esclarecimentos e instruções, veio a parte que todos gostam: a produção do papel. A arte-educadora e ministrante da oficina, Patrícia Bohrer, mostrou aos alunos as possibilidades de cores e aromas que poderiam ser adicionados ao material que eles iriam criar, e explicou que os elementos e cores escolhidos devem ser dosados para que seja alcançado o efeito esperado.
Com papel celofane, sementes, flores e folhas secas o simples processo de reutilização do material torna-se uma atividade artística. "É um processo que faz pensar sobre a responsabilidade que temos naquilo que descartamos e como podemos criar algo estético e criativo a partir daquilo que foi jogado fora”, afirma Patrícia.
Cada um dos cerca de sessenta participantes produziu e levou para casa seu próprio papel. Os alunos receberam também o livro “Maria Reciclilda em: eu amo reciclar”, de Alexandre Krob e Patrícia Bohrer, que explica detalhadamente os passos do processo ensinado na oficina, além de falar sobre a reciclagem de outros materiais. Mais exemplares foram disponibilizados para a biblioteca da escola.
A atividade faz parte do conjunto de oficinas que vêm sendo realizadas na Escola Nossa Senhora de Fátima e oferecidas aos moradores do Assentamento Filhos de Sepé em parceria com o INCRA. Ainda neste ano outros encontros semelhantes acontecerão, mas seus formatos e temas ainda estão sendo definidos.
O impacto da produção de celulose
Os pinus e eucaliptos cultivados para a produção de papel são grandes problemas quando se pensa em desenvolvimento sustentável. Apesar de ser madeira de reflorestamento e, portanto, não derrubar a mata nativa para a produção do papel sulfite, essas espécies trazem muitos outros prejuízos para o meio ambiente.
A degradação do solo e a desertificação são algumas delas. Ambas as espécies consomem muita água e quando plantadas próximas a locais úmidos acabam o tornando seco, modificando todo o ecossistema. Além disso, as extensas monoculturas de árvores causam uma espécie de “desertificação verde”, que gera a indisponibilidade de alimentos para a fauna silvestre, o que pode levar ao desaparecimento local de determinadas espécies.
A situação é agravada pela grande capacidade de dispersão das sementes. A do pinus, por exemplo, pode chegar a até 10 km de distância e seguidamente gera preocupações no âmbito das Unidades de Conservação, que precisam controlar constantemente a invasão indesejável das mudas.
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