A ação integra o Projeto de Conservação e Uso Sustentável dos Butiazais, desenvolvido em parceria com o Instituto de Biociências da UFRGS e a Fundação Luterana de Diaconia (FLD). Inicialmente focado no, Litoral Norte do RS, a iniciativa agora abrange também o butiazal de Quaraí, no Coatepe, onde a principal atividade econômica é a pecuária extensiva de bovinos e ovinos. Além das pesquisas sobre a situação da população de butiazeiros, que já apontou a situação crítica, o projeto visa formas de sustentabilidade, outras oportunidades econômicas para a comunidade e tem um eixo educativo, com escolas locais, como a Escola Municipal João Tubino.
Na parte de pesquisa, foram criadas ilhas de biodiversidade nas propriedades de moradores, com cerca de 600 m2, a fim de manter amostras de butiazais à parte do pastoreio e, supostamente, do uso do fogo para o manejo do campo. Essas áreas permanecerão em monitoramento nos próximos três anos para avaliar a evolução da vegetação. Dessa maneira, é possível determinar o impacto da criação pecuária e das queimadas em regiões de ocorrência das populações de Butia yatai.
Um viveiro de mudas foi implantado em parceria com a família Aristimunho, hoje já com mais de 500 mudas ensacadas, outras tantas plântulas em sementeira e 3000 sementes avançando para germinação no viveiro da família. Um planejamento de reposição de plantas jovens imaturas está sendo previsto para 2019.
Na parte educativa, foi realizada a aula de campo no butiazal, integrando comunidade escolar ao projeto em desenvolvimento. Os desdobramentos disso já são contabilizados, com outras escolas vindo voluntariamente conhecer a área, o projeto e as famílias envolvidas, a inclusão do tema em feiras de ciência e cultura de escolas locais e a intenção de implantação de arboretos de butiazeiros em algumas escolas.
A partir da última avaliação das ilhas de bidiversidade, em Julho, é visível o crescimento das plântulas e jovens que foram protegidos do gado e do fogo. Jovens com folhas espigadas foram encontrados em todas as parcelas, mas não fora delas. As plântulas ficam sujeitas à herbivoria e dificilmente conseguem se desenvolver.
Além disso, outro fator compromete o desenvolvimento das plantas: o fogo. Após a conclusão da última campanha, um dos moradores não pôde controlar um incêndio na pastagem e uma das parcelas em análise foi queimada. Uma vistoria de campo mostrou que as plântulas sequer conseguiam ser identificadas após o fogo e que dos indivíduos jovens sobrou apenas a base mais entumecida. Ou seja, pastoreios constantes e queimadas reincidentes impedem o crescimento. Os estudos pretendem responder a partir de que tamanho haveria chances de resistência e se o pastoreio do gado e da ovelha sobre os indivíduos jovens tem impactos diferentes. O que queremos é encontrar harmonia na interação entre a pecuária e o butiazal.
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